ESSA É UMA OBRA DE QUALIDADE DUVIDOSA, FRUTO DE DESONESTIDADE INTELECTUAL, UM LIVRO DE HISTÓRIA ESCRITO POR UM NÃO HISTORIADOR. O LELIVROS E TODA UMA CLASSE INTELECTUAL NÃO RECOMENDA A LEITURA DE TAL LIVRO. USE POR SUA CONTA CONTA E RISCO, O USO DE CETICISMO É INDICÁVEL E NECESSÁRIO.
Existe um esquema tão repetido para contar a história do Brasil, que basta misturar chavões, mudar datas ou nomes, e pronto. Você já pode passar em qualquer prova de história na escola. Nesse livro, o jornalista Leandro Narloch prefere adotar uma postura diferente ? que vai além dos mocinhos e bandidos tão conhecidos. Ele mesmo, logo no prefácio, avisa ao leitor: “Este livro não quer ser um falso estudo acadêmico, como o daqueles estudiosos, e sim uma provocação. Uma pequena coletânea de pesquisas históricas sérias, irritantes e desagradáveis, escolhidas com o objetivo de enfurecer um bom número de cidadãos.” É verdade: esse guia enfurecerá muitas pessoas. Porém, é também verdade que a história, assim, fica muito mais interessante e saborosa para quem a lê.
Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil – Leandro Narloch
GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA HISTÓRIA DO BRASIL
L EANDRO NARLOCH
CONTRA-CAPA
É hora de jogar tomates na historiografia politicamente correta. Este guia reúne histórias que vão diretamente contra ela. Só erros das vítimas e dos heróis da bondade, só virtudes dos considerados vilões. Alguém poderá dizer que se trata do mesmo esforço dos historiadores militantes, só que na direção oposta. É verdade dizer, mais ou menos.
Este livro não quer ser um falso estudo acadêmico, como o daqueles estudiosos, e sim uma provocação. Uma pequena coletânea de pesquisas históricas sérias, irritantes e desagradáveis, escolhidas com o objetivo de enfurecer um bom número de cidadãos.
POR UMA NOVELA SEM MOCINHOS
Existe um esquema tão repetido para contar a história de alguns países que basta misturar chavões, mudar datas, nomes de nações colonizadas, potências opressoras, e pronto. Você já pode passar em qualquer prova de história na escola e, na mesa do bar, dar uma de especialista em todas as nações da América do Sul, África e Ásia. As pessoas certamente concordarão com suas opiniões, os professores vão adorar as respostas.
O modelo é simples e rápido, mas também chato e quase sempre errado. Até mesmo as novelas de TV têm roteiros mais criativos. Os ricos só ganham o papel de vilões se fazem alguma bondade, é porque foram movidos por interesses. Já os pobres são eternamente "do bem", vítimas da elite e das grandes potências, e só fazem besteira porque são obrigados a isso. Nessa estrutura simplista, o único aspecto que importa é o econômico: o passado vira um jogo de interesses e apenas isso. Só se contam histórias que não ferem o pensamento politicamente correto e não correm o risco de serem mal interpretadas por pequenos incapacitados nas escolas. O gên ero também tem tabus e personagens proibidos, como o rei bom, o fraco opressor ou os povos que largaram a miséria por mérito próprio e hoje não se consideram vítimas.
No século 20, quando esse esquema se tornou comum, acreditávamos num mundo dividido entre preto e branco, fortes e fracos, ganhadores e perdedores. Essa visão já estava pronta quando estudiosos se debruçavam sobre a história: o que eles faziam era encaixar, à força, os eventos do passado em sua visao de mundo. Isso mudou. Uma nova historiografia ganha força no Brasil. Se no começo da década de 1990 o jornalista Paulo Francis falava de "rinocerontes à la Ionesco que passam por historiadores em nosso país", na última década apareceram acadêmicos alertas de que nao sao políticos a escrever manifestos. Eles tentam elaborar conclusões científicas baseadas em arquivos inexplorados de cartórios, igrejas ou tribunais, têm mais cuidado ao falar de conseqüências de uma lógica financeira e pesquisam sem se importar tanto com o uso ideológico de suas conclusões. As interpretações que tiram do armário sao mais complexas e, numa boa parte das vezes, saborosamente desagradáveis para os que adotam o papel de vítimas ou bons mocinhos.
A história fica assim muito mais interessante. No século 18, quem quisesse ir de Parati, no Rio de Janeiro, à atual Ouro Preto, em Minas Gerais, tinha que cavalgar por dois meses - no caminho, passava por casebres miseráveis onde moravam tanto escravos quanto seus senhores, que trabalhavam juntos e comiam, sem talheres, na mesma mesa. Sabe-se hoje que, nas vilas do ouro de Minas, havia ex-escravas riquíssimas, donas de casas, jóias, porcelanas, escravos, e bem relacionadas com outros empresários. Os primeiros sambistas, considerados hoje pioneiros da cultura popular,