Arthur Dent tem sua casa e seu planeta (sim, a Terra) destruídos em um mesmo dia, e parte pela galáxia com seu amigo Ford, que acaba de revelar que na verdade nasceu em um pequeno planeta perto de Betelgeuse.
Considerado um dos maiores clássicos da literatura de ficção científica, este livro vem encantando gerações de leitores ao redor do mundo com seu humor afiado. Este é o primeiro título da famosa série escrita por Douglas Adams, que conta as aventuras espaciais do inglês Arthur Dent e de seu amigo Ford Prefect. A dupla escapa da destruição da Terra pegando carona numa nave alienígena, graças aos conhecimentos de Prefect, um E.T. que vivia disfarçado de ator desempregado enquanto fazia pesquisa de campo para a nova edição do Guia do Mochileiro das Galáxias, o melhor guia de viagens interplanetário. Mestre da sátira, Douglas Adams cria personagens inesquecíveis e situações mirabolantes para debochar da burocracia, dos políticos, da “alta cultura” e de diversas instituições atuais. Seu livro, que trata em última instância da busca do sentido da vida, não só diverte como também faz pensar.
Capítulo 35
Naquela noite, quando a nave Coração de Ouro já estava a alguns anos-luz da nebulosa da Cabeça de Cavalo, Zaphod descansava debaixo da palmeirinha da ponte de comando, tentando consertar o cérebro com doses maciças de Dinamite Pangaláctica; Ford e Trillian discutiam num canto sobre a vida e questões correlatas; e Arthur, deitado na cama, folheava O Guia do Mochileiro das Galáxias. "Como ia ter que viver na tal da Galáxia, o jeito era aprender alguma coisa sobre ela", pensou. Encontrou o seguinte verbete:
"A história de todas as grandes civilizações galácticas tende a atravessar três fases distintas e identificáveis — as da sobrevivência, da interrogação e da sofisticação, também conhecidas como as fases do como, do por que e do onde.
Por exemplo, a primeira fase é caracterizada pela pergunta: Como vamos poder comer?
A segunda, pela pergunta: Por que comemos?
E a terceira, pela pergunta: Aonde vamos almoçar?"
Neste momento o interfone da nave soou.
— Ô terráqueo! Está com fome, garoto? — Era a voz de Zaphod.
— É, seria legal comer alguma coisa — disse Arthur.
— Então se segure — disse Zaphod — que a gente vai dar uma paradinha no Restaurante do Fim do Universo.
FIM
Nota da Editora
Desde tempos imemoriais houve menos que meia dúzia de mortais cujas mentes foram capazes de contemplar o universo em sua totalidade: Einstein, Hubble, Feynman e Douglas Adams são os nomes que surgem em meu cérebro comparativamente ínfimo e inútil. Destes poucos gênios especiais, Douglas Adams é, sem dúvida, o pensador mais hilariantemente original, embora seja consenso geral que Einstein era melhor dançarino de funk.
O Guia do Mochileiro das Galáxias começou sua história como uma série de rádio e, depois, uma compilação em fita cassete. Transformado em livro, tornou-se um best-seller mundial e foi parar, de forma curiosa, na televisão britânica.
Com uma galeria de personagens bizarros e tantas viradas abruptas na trama que você se sentirá em uma montanha-russa, O Guia do Mochileiro é, sem dúvida, uma das mais criativas e cômicas histórias de aventura jamais escritas. Arthur Dent, um inglês azarado, escapa de um evento dramático – a destruição da Terra – , graças a um amigo de Betelgeuse que, enquanto estava ilhado em nosso planeta, havia se disfarçado de ator desempregado. Arthur se vê arrastado, apesar de seus protestos histéricos (bem, "histérico" dentro da habitual fleuma britânica), para as situações mais alucinadas nos pontos mais distantes do tempo e do espaço.
O que realmente sustenta este livro hilariante, através de sua viagem freneticamente bizarra pela galáxia rumo ao legendário planeta de Magrathea – e além – , é a pergunta profunda sobre o porquê. De onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos? Onde vamos almoçar hoje?
Além disso, enquanto Arthur tenta se entender com as formas de vida mais estranhas e os nomes ainda mais estranhos dessas formas de vida estranhas, nosso anti-herói descobre a verdadeira história da Terra e a resposta final à grande pergunta da Vida, do Universo e Tudo o Mais. No geral, um resultado bastante satisfatório, devo dizer.
Mas o que torna a escrita de Douglas Adams tão hipnótica? Além do fato de ser considerado por muitos como "um dos autores mais perspicazes de nossos tempos",1 Ele também se envolveu profundamente com a literatura e a ciência. A leitura, o humor, os animais selvagens e a tecnologia eram suas grandes paixões, e ele soube reunir esses interesses aparentemente disparatados com toda a concisão e energia de um supercondutor de partículas atômicas, inundando seus leitores com um dilúvio feroz de hilariantes conceitos abstratos e teorias perversamente avançadas. Você não precisa saber nada a respeito