Como policiais, Adam, Shane, Nathan e David enfrentam bravamente gangues violentas e o tráfico de drogas na cidade de Albany. No entanto, o maior desafio de sua vida não está nas ruas, mas dentro de casa. A relação de cada um desses homens com a esposa e os filhos está ruindo, mas nenhum deles faz nada para resolver a situação. Apenas quando uma tragédia se abate sobre Adam é que eles percebem que precisam mudar seu comportamento e reconquistar a confiança de suas famílias. Com a fé abalada, Adam começa a estudar a Bíblia para descobrir o que Deus espera dele como pai e o que deve fazer para se tornar uma pessoa melhor. Assim, descobre nas palavras de Jesus a sua verdadeira missão: deixar um legado positivo para seu filho e ajudar outros pais a colocar a família em primeiro lugar. Tocado por esse aprendizado, Adam inspira seus amigos a assinar um documento comprometendo-se a ser pais e maridos mais presentes. A “Resolução” acaba tomando uma proporção maior do que o imaginado e se tornando um valioso instrumento para transformar centenas de vidas. Baseado no filme homônimo de Alex e Stephen Kendrick, Corajosos mostra como a relação com os pais pode marcar profundamente – para o bem ou para o mal – a vida de uma pessoa.
Corajosos – Randy Alcorn
CAPÍTULO CINCO
Adam sentou-se diante do volante, ignorando o marginal na parte de trás da viatura. Depois que prendia os transgressores, eles já não eram mais sua responsabilidade – até que se vissem de novo nas ruas, pouco tempo depois, em consequência das cadeias lotadas e da justiça falha.
Como se lesse os pensamentos dele, Shane disse:
– Esses caras não têm medo de ir em cana. Por que haveriam de ter? Casa, comida e roupa lavada. Estamos em Roma, e os bárbaros estão vencendo.
Adam suspirou.
– Dizem que o índice de reincidência de delinquentes juvenis no Condado de Dougherty é de 80%. Dá pra acreditar?
– Claro que dá – respondeu Shane. – Eles entram nos centros de detenção e saem um mês depois. E aprendem a cometer novos crimes lá dentro. Trinta dias depois estão de volta, colocando em prática sua especialidade recém-adquirida.
Adam olhou pelo espelho retrovisor, examinando o rapaz sentado no banco traseiro.
– Quantos anos você tem, Clyde? Dezoito?
Clyde lançou-lhe um olhar agressivo.
– Dezenove.
– Com quem você mora?
– Com minha tia. Vai prender ela também?
– Onde está o seu pai?
Clyde encarou-o como se ele fosse um louco.
– Eu não tenho pai!
Shane virou-se para Adam.
– Por que você ainda pergunta?
Adam refletiu um instante, mas permaneceu calado.
Uma hora mais tarde, Nathan dirigia a viatura ao lado de David.
– Está preocupado com alguma coisa?
– Não.
– Se quiser ficar calado, tudo bem. Mas se tem algo chateando você e quiser conversar a respeito, fique à vontade.
– Eu estou bem, valeu.
Durante os 15 minutos seguintes, David continuou calado enquanto Nathan falava amenidades. Tudo fazia crer que David Thomson estava finalmente progredindo na vida. Mas, na realidade, sua vida estava toda fora do lugar, sem nenhuma perspectiva de entrar nos eixos. Um sentimento de culpa o perseguia por toda parte, corroendo sua mente como um cão rói um osso.
Nathan virou-se para David.
– Você já esteve no Aunt Bea’s Diner?
– Não.
– Espero que ainda esteja lá.
O prédio era um pesadelo para o planejamento urbano intocado pelas engrenagens do progresso.
– Bem-vindo a uma lanchonete esquecida pelo tempo – disse Nathan quando passaram pela porta.
David olhou para uma das mesas e pensou que seria necessário um pé de cabra para tirar os potes de molho de cima dela. Ele caminhou até um ponto de onde podia ver a grelha, imaginando se a cozinha não abrigava uma cultura do vírus ebola. Foi um alívio perceber que, apesar de velho, o Aunt Bea’s Diner parecia limpo.
Consultaram um cardápio que aparentava ter sido escrito numa máquina de datilografar Remington na década de 1970.
Até aquele momento, David parecia decidido a se manter reticente. Mas depois de três mordidas num cheeseburger sua atitude se modificou.
Um sujeito que parecia ter saído de Woodstock enfiou uma moeda na jukebox. Começou a tocar “Mr. Tambourine Man”.
– David, me fale um pouco do seu antigo parceiro.
– Por quê?
– Se você estivesse substituindo alguém no emprego, não gostaria de saber algo a respeito da pessoa?
David depositou no prato o último pedaço do sanduíche. Relutantemente, limpou os dedos com um guardanapo.
– O nome dele era Jack Bryant.
Nathan esperou. Nada.
– E?
– O que mais você quer saber?
– Por que a dificuldade em falar dele? Se você me perguntar sobre meu antigo parceiro, vou falar sobre ele. Seymour James. Cinquenta e três anos. Casado, três filhos, como eu. Sujeito inteligente e engraçado. Treinador de um time de beisebol infantil. Gosta de hambúrguer malpassado. Fã dos Seahawks, mas aos poucos está virando a casaca pelos Falcons.
– O Bryant e eu nem sempre nos entendíamos.
– Por quê?
– Porque eu era novato! – disse David, elevando a voz.
– Ok – disse Nathan. – Já entendi. Por que ele pediu transferência?
– Ele e a esposa se separaram. Então ele foi para Chicago e abriu um negócio com um amigo.
– Ele largou a polícia?
– Mais ou menos. É uma empresa de segurança.
– Tinha filhos?
– Dois.
– E se mudou para Chicago?
– É.
– Então ele não vê mais os filhos?
–