As Lágrimas do Papa – O Triângulo Secreto.Vol 1 – Didier Convard

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Didier Mosèle é o pesquisador na Fundação Meyer encarregado da restauração de um dos famosos manuscritos do mar Morto. Quando seu colega e gêmeo franco-maçom, Francis Marlane, desaparece misteriosamente após lhe deixar uma mensagem em que lhe confessa ter descoberto uma terrível comprovação, Didier percebe que algo muito maior está por trás de seus estudos. A busca do protagonista pela verdade é pontuada por voltas ao passado que levam o leitor a diferentes períodos históricos, à vida e à morte de Cristo, ao tempo dos Templários, entre outros. A história se mistura. Cada passagem vem esclarecer ou, ao contrário, obscurecer o caminho em direção à verdade.

      DIDIER CONVARD   O TRIÂNGULO SECRETO As Lágrimas do Papa   Tradução: Maria Alice Araripe de Sampaio Doria Título Original: Le triangle secret: le larmes du pape     BERTRAND BRASIL 2012 1 O CORTEJO   As chamas das tochas crepitavam ao vento. A espessa chuva fria já anunciava a neve. Dois homens e duas mulheres carregavam um corpo envolvido num sudário branco, seguidos pelos vultos de uma procissão, recolhidos e silenciosos. O cortejo avançava por uma floresta de carvalhos. Ao gesto de um homem muito velho, que ia à frente, todos pararam. Os quatro que levavam o cadáver depuseram-no no solo argiloso. Era uma terra de marga pastosa que colava nas solas das sandálias. Uma terra rica e perfumada. O ancião se posicionou junto à cabeça do morto, os pés formando um esquadro, quase tocando o sudário. Imediatamente, seus companheiros espetaram as tochas na terra e, dando-se as mãos, formaram um círculo em torno do corpo estendido. Todos estavam unidos. Todos se davam as mãos com força. O ancião, erguendo com os braços tal cadeia humana, disse as seguintes palavras: — Já que está na hora e temos a idade, vamos abrir os trabalhos da nossa Loja. Homens e mulheres ergueram e abaixaram a corrente de braços por três vezes, depois a romperam. E o ancião falou. A chuva havia dobrado de intensidade, empurrada pelo vento sobre a clareira, encharcando os casacos de algodão e as túnicas de linho. A voz do orador era fraca e rouca por ter sido muito usada, por ter cantado em excesso o amor e a fraternidade através de mil regiões e mil países. Era uma voz cansada e desencantada, uma voz triste. Infinitamente triste. Quando o ancião terminou o discurso, três homens deram alguns passos e se abaixaram ao mesmo tempo. Levantaram uma argola de bronze e, num impulso sonoro, arrancaram do solo uma laje de pedra, abrindo um túmulo vazio. Tornaram a pegar o corpo do morto. O ancião se aproximou da cova onde agora repousava o amigo. Seu mestre. Enfiando a mão sob o casaco, retirou um objeto e o apertou contra si por um instante. Inclinando-se lentamente, ajoelhou-se com dificuldade à beira do túmulo escuro e chorou. Chorou por longo tempo, antes de depositar o objeto no peito do morto. Erguendo-se, deu ordem para colocarem a laje no lugar e desprenderem a argola de bronze. Em seguida, disse: — Que teu Segredo permaneça contigo, Mestre... Malditos sejam todos aqueles que tentarem roubar a tua Palavra para deturpá-la! Bendito sejas, meu irmão, pelo ensinamento que nos deixaste como herança. A argola lhe foi entregue. Apesar do peso, ele quis continuar a segurá-la, como uma relíquia. Os homens e as mulheres retomaram o caminho e se embrenharam novamente na espessa floresta, sob a luz das tochas com chamas inclinadas. O ancião ia na frente. Um rapaz muito jovem, com o rosto coberto de lágrimas e de chuva, foi ao encontro dele. — Não encerramos os trabalhos, João... Por quê? — perguntou ao mais velho. O ancião respondeu: — Eles jamais serão encerrados, meu irmão... Jamais! Nossa Loja se abriu para sempre, fora dos muros do seu templo, fora do tempo. Nosso trabalho apenas iniciou. Para toda a eternidade... — O que faremos sem Ele? O ancião sorriu e respondeu: — Nós O buscaremos. E esse será o nosso trabalho. Por todos os séculos dos séculos, nós o buscaremos, irmão... 2 A QUINTA MENSAGEM   Didier Mosèle olhava a chuva cair no bulevar exterior. Ele colou a testa no vidro frio da janela e ficou assim por alguns instantes, pensativo. Depois, saiu da janela, voltou para a mesa do escritório coberta de livros e documentos em desordem, procurou o maço de cigarros, pegou um, acendeu e aspirou uma tragada de queimar os pulmões. Didier Mosèle estava próximo dos quarenta anos. Tinha cabelos louros e compridos penteados para trás, queixo pronunciado com uma covinha no centro, maçãs do rosto altas e ligeiramente salientes, olhos de um azul-claro quase acinzentado. Alto, de ombros largos, vestia jeans e camisa polo pretos. Havia mais de uma hora qu
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