Estudos Sobre Magia – Maria V. Snyder

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Uma lição sobre lealdade. Traição em família, um poderoso assassino serial à solta e a iminência de uma crise diplomática ameaçam a vida de Yelena. Os conflitos em Ixia a obrigam a voltar para Sitia, onde nasceu. Porém, o reencontro com seu clã, do qual estava separada desde que fora sequestrada por Mogkan aos 6 anos de idade, torna-se insípido devido às acusações, por parte de seu irmão, de que ela seria uma espiã. Ao ser levada para a Cidadela, local em que os magos passam Ensinamentos místicos, Yelena começa a desenvolver sua magia. Logo descobre que seus poderes são maiores do que imaginava, talvez raros. Seria ela uma Descobridora de Almas? Mas tudo se complica ainda mais com a chegada de representantes de Ixia em missão diplomática. E Valek, espião, assassino e amante de Yelena, arrisca sua vida ao integrar a delegação envolto em mais um de seus disfarces.

1 — CHEGAMOS — IRYS INFORMOU. Olhei ao redor. A selva que nos cercava estava repleta de vida. Enormes arbustos verdes bloqueavam nosso caminho, cipós pendiam das copas das árvores e o canto e gorjeio constante de pássaros selvagens pulsavam nos meus ouvidos. Pequenas criaturas peludas, que nos seguiram pela selva, espiavam de seus esconderijos atrás de enormes folhas. — Onde? — indaguei, olhando para as três outras jovens. Uma a uma, elas deram de ombros, igualmente confusas. Sob o espesso ar úmido, seus finos vestidos de algodão estavam ensopados de suor. Minhas próprias calça preta e camisa branca estavam coladas à pele pegajosa. Estávamos cansadas de carregar nossas mochilas pesadas ao longo das trilhas estreitas e sinuosas da selva, irritadas devido às inúmeras picadas de insetos em nossa pele. — À residência dos Zaltana — Irys respondeu. — Possivelmente, ao seu lar. Passei os olhos pela espessa mata verde e não vi nada que se assemelhasse a uma habitação. Durante o curso da nossa viagem rumo ao Sul, sempre que Irys declarava que havíamos chegado, normalmente estávamos no meio de uma pequena cidade ou de uma aldeia, com casas feitas de madeira, pedra ou tijolos, margeadas por campos e fazendas. Os habitantes alegremente vestidos nos recebiam, nos alimentavam e, em meio a uma cacofonia de vozes e aromas picantes, escutavam nossas histórias. Em seguida, certas famílias eram chamadas às pressas. Em um furacão de empolgação e murmurinho, uma das crianças de nosso grupo, que vivera no orfanato no Norte, era reunida com a família cuja existência era até então desconhecida. Como resultado, nosso grupo foi ficando cada vez menor, à medida que íamos adentrando mais o território sulista de Sitia. Logo deixamos para trás o ar frio do norte e estávamos agora cozinhando no calor úmido da selva, sem nem sinal de cidade à vista. — Residência? — perguntei. Irys suspirou. Fios de seu cabelo negro haviam se soltado do coque apertado, e sua expressão séria não combinava com o ligeiro humor nos olhos cor de esmeralda. — Yelena, as aparências podem enganar. Procure com a mente, não com seus sentidos — ela instruiu. Esfreguei as mãos suadas ao longo dos veios da madeira do meu cajado, concentrando-me na sua superfície lisa. Esvaziei minha mente, e o zumbido da selva foi desaparecendo à medida que eu estendia minha percepção mental. Na minha mente, me vi deslizando pela grama como uma cobra, buscando um trecho iluminado pelos raios do sol. Pulei de galho em galho na companhia de um animal de membros compridos com tanta facilidade que parecia que estávamos voando. Em seguida, acima, eu me movi com pessoas por entre as copas das árvores. Suas mentes eram abertas e relaxadas, decidindo o que comer para o jantar e discutindo as notícias vindas da cidade. Contudo, uma das mentes se preocupava com os sons vindos da selva abaixo. Algo não estava certo. Algo estranho estava ali. Um possível perigo. Quem está na minha mente? Voltei bruscamente ao meu próprio corpo. Irys me fitava com intensidade. — Eles moram nas árvores? — indaguei. Ela assentiu. — Mas não se esqueça, Yelena. O fato de a mente de uma pessoa ser receptiva à sua sondagem não significa que você tenha permissão para mergulhar nos seus pensamentos mais profundos. Isso é contra nosso Código de Ética. Suas palavras foram duras, a feiticeira de categoria superior passando uma descompostura na aluna. — Desculpe — eu disse. Ela sacudiu a cabeça. — Eu me esqueço que você ainda está aprendendo. Temos de seguir para a Cidadela para dar início ao seu treinamento; contudo, receio que essa parada vá demorar um pouco. — Por quê? — Não posso deixá-la com sua família, como fiz com as outras crianças, e seria crueldade levá-la embora cedo demais. Naquele instante, uma voz bem alta gritou lá de cima: — Venettaden! Irys ergueu os braços e murmurou alguma coisa, porém meus músculos se congelaram antes que eu pudesse repelir a magia que nos envolveu. Não conseguia me mexer. Após um instante frenético de
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