As minas de Salomão conta as peripécias de um grupo que se aventura nas profundezas da África – continente bem conhecido pelo autor, que por lá havia estado por ocasião da Primeira Guerra Bôer e a guerra Anglo-Zulu – , à procura das lendárias riquezas das minas do rei Salomão.
As Minas do Rei Salomão – Henry Rider Haggard
AS MINAS DO REI SALOMÃO
Henry Rider Haggard
Título Original: King Solomon's Mines
Tradução e Adaptação em Português de WERNER ZOTZ
QUEM FOI HAGGARD?
Na segunda metade do século passado, muitos ingleses se deslocavam para terras distantes de seu país, na qualidade de militares e comerciantes. Isto porque a Inglaterra, país pioneiro na criação do sistema de produção em escala industrial (Revolução Industrial, 1780), produzia mais mercadorias do que lhe era possível consumir. Partiam eles então em busca de novos mercados, que dessem vazão a esse excedente de produção, bem como abastecessem de matérias-primas suas indústrias. Um deles foi à África: esse continente foi retalhado e explorado pelas potências européias, ao longo de todo o século XIX e início do século XX, segundo seus interesses.
Nascido em Norfolk em 1856, filho de um advogado e neto de um alto funcionário da Companhia das Índias Orientais (empresa destinada à exploração do comercio com as colônias e os países submetidos ao poderia econômico e militar dos ingleses), recebeu excelente educação escolar, tendo tido ainda preceptores que o assistiram durante todo o rigoroso processo da sua formação. Já aos 19 anos de idade começou a servir aos interesses ingleses em suas possessões conquistadas no sul da África.
Nesse período o Império Britânico continuava se expandindo em terras africanas: o alvo agora era a região do Transvaal (parte da atual África do Sul), onde haviam sido descobertas jazidas de ouro e diamantes. Como esse território era ocupado pelos holandeses, iniciou-se um conflito no qual os ingleses foram vitoriosos, anexando-o em 1877. Após atingir seus objetivos, a Inglaterra enviou uma comissão administrativa ao local, da qual Haggard, então com 21 anos, fazia parte. Foi ele quem pessoalmente hasteou a bandeira de seu país na nova possessão, passando a ocupar o cargo máximo em seu supremo tribunal.
Voltando a Norfolk dois anos depois, casou-se com a filha de um militar inglês e, de volta ao Transvaal, testemunhou sua rendição aos holandeses. Decepcionado, escreveu seu primeiro livro, Cetewayo e seus vizinhos brancos (1882), sobre um rei negro feito coronel de infantaria pelos ingleses. Nessa obra, relatava ainda parte de sua experiência na África. Embora o livro não tivesse alcançado grande repercussão, Haggard continuou a escrever.
Aliando seu talento de ficcionista às experiências vividas em “terras exóticas”, como os britânicos consideravam os países não-europeus, escreveu seus dois livros mais famosos: As minas do Rei Salomão (1885) e Ela (1887). O desconhecido, o misterioso, as paisagens selvagens e os povos estranhos exerciam um grande fascínio sobre os leitores britânicos. Haggard escrevia sólidas e vigorosas narrativas em uma época na qual o romance de aventuras era muito apreciado. Suas personagens são fortes e vibrantes, expressando-se mais através da ação que do pensamento. Da mesma forma que apoiava a política colonialista inglesa e acatava a idéia então vigente da “superioridade” natural dos europeus sobre os povos dominados, Haggard acreditava nas virtudes dos nativos africanos que lhe inspiravam os romances. Seus heróis e heroínas são seres cheios de sinceridade; seus atos são comandados por sentimentos simples e universais como amor, ódio, fidelidade, ambição, curiosidade, que os tornam bastante humanos e encantadores aos olhos do leitor.
O ponto de partida de As minas do Rei Salomão é a busca ao tesouro e às míticas jazidas de diamantes exploradas pelo Rei Salomão (personagem histórico, rei dos hebreus que viveu entre 1032 ªC. e 945 ªC.). Tal fortuna, escondida num ponto obscuro do continente africano, hipnotiza os aventureiros tanto quanto o lendário país de Eldorado.
Embora tenha escrito vários romances, Havia em Haggard um lado extremamente prático: era uma autoridade em migração, agricultura e condições sociais nas zonas rurais. Baseado nos seus sólidos conhecimentos, escreveu dois livros sobre tais